
Origem Histórica do Lugar
No fundo de um vale de escarpas rochosas mergulhadas nas águas do rio Távora, encontramos a estranha capela de S. Pedro das Águias.
Reza a lenda, que naquele lugar ermo, casou a princesa moura, Ardinga, com o cavaleiro cristão D. Tedon. O pai de Ardinga, governador de Lamego, saiu no encalço da fuga da sua princesa, tendo-a apanhado em S. Pedro das Águias. Furioso, decapitou a filha atirando o corpo ao rio, cujas águas até hoje estão impregnadas do seu sangue.
O edifício românico, de decoração zoomórfica aponta para um sagrado pré-cristão, a decapitação de Ardinga, faz-nos apontar este lugar para espaços de execução de antigos povos Lusitanos. Precipícios é o que não falta neste vale do demónio que se remira no abismo.
É na fachada virada a Norte, em frente ao precipício cruel, que se grava em pedra o sagrado “Agnus Dei“ cordeiro que liberta o sangue como sacrifício da alma e libertação dos pecados...
O sangue que brotou das castas das videiras impregnadas neste abismo surge de uma luta constante entre o homem e a natureza. Mas, foi a fé divina destas gentes que nos permitiu provar estes néctares raros e únicos das escarpas brutais e quase inalcançáveis do Vale do Távora...
António Távora
